quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Quem odeia sofre mais do que o odiado

Enquanto escrevia este texto estava ouvindo a música Cara de Família, da cantora religiosa Ziza Fernandes. Chamou-me muito a atenção a letra da música: “o ódio que se guarda vai matando só quem sente”. Simples e claro. Mais direto impossível.

Avaliei a profundidade desta frase e gostaria de repartir com você. Odiar é condição básica para quem foi magoado. Quem sofreu tende a ficar com raiva de quem foi responsável pelo sofrimento. Aprendemos desde cedo a ficar magoados com quem nos machucou. Mas “o ódio que se guarda vai matando só quem sente”. A pessoa odiada não sofre nada. Além de ter magoado alguém, vai continuar machucando este alguém que não conseguiu perdoá-la. É burrice insistir em ficar com raiva desta pessoa. A única “pomada” eficaz para as nossas machucaduras chama-se perdão. Perdoar não é esquecer. Perdoar é lembrar de quem me feriu sem sentir dor. O ódio pode aparecer. A raiva vai chegar. O desejo de vingança também. Mas toda ofensa só se torna prejudicial quando passa a ser ressentida, ou seja, sentida mais uma vez. Ficar imaginando maneiras de se vingar daquela pessoa que nos machucou é gastar energia inultimente. Vamos colocar este algum num lugar privilegiado da nossa mente e ficar o tempo inteiro pensando nela. Que coisa chata esta de ficar lembrando de quem não merece nossa lembrança... Se não conseguimos apagar a pessoa da nossa mente resta-nos a possibilidade de declará-la inocente, ou seja, não ser refém da sua maldade. Eu sofri, mas não vou me entregar ao sofrimento. Eu fui magoado, não vou ficar magoado. Eu fui criticado, mas não vou estacionar na crítica. A decisão de não se contaminar com o veneno lançando sobre nós só depende da gente. Eu não sou obrigado a beber o veneno que o outro me deu. O sentimento é meu e eu tenho o direito de escolher o que eu quero sentir.

Todo plano elaborado para se vingar de alguém é um plano frustrado. Não é o desejo de vingança que deve motivar o meu coração a sair do estado de dor que o outro me deixou, mas sim a capacidade de enxergar os acontecimentos da vida com os olhos de um sábio, e ser sábio é aproveitar os momentos de dor para crescer. Mesmo em meio às críticas, ofensas e desilusões podemos escolher a melhor parte, e a melhor parte é a de quem não se deixou atingir pelo desejo de vingança.

Não pense no que lhe fizeram de mal. Aprenda a extrair lições até mesmo dos momentos mais escuros da sua vida. Quando esperamos demais dos outros sempre nos decepcionamos. Quem é perfeito? Quem nunca errou na vida? Quem nunca precisou pedir e dar o perdão? Só não erra quem não faz nada. Só não aceita quem erra quem não sabe se humanizar, se colocar no lugar no outro e entender sua fragilidade. Da próxima vez que você for ofendido, faça um favor pra você mesmo: treine filtrar os estímulos estressantes e não queira dar respostas imediatas à pessoa que lhe ofendeu. Você foi ofendido, mas não precisa ficar ofendido. Se valorizar demais a ofensa, guardará ódio no seu coração e isso só fará mal pra você mesmo. Se decidir reavaliar a ofensa, entenderá que a decisão de aceitar ou não aquilo que foi dito só depende de você.

Os que as pessoas pensam a nosso respeito não enche a nossa barriga. A opinião dos outros sobre mim só vale quando estou participando de um concurso de beleza. Sensatez e humildade, eis o que nos torna dignos de reconhecermos o nosso lugar na sociedade. Apontar defeitos é coisa mais fácil para quem quer esconder os seus. É fácil ditar regras quando somos irresponsáveis com a nossa vida. Vivemos tão preocupados com a vida alheia que esquecemos de cuidar da nossa...

Não espere demais dos outros. Toda vez que eu fiz isso saí machucado. Toda vez que alguém confiou demais em mim também saiu machucado. Repito: somos falhos demais. Se quisermos viver bem precisamos semear o bem, e o bem só existe no coração que só deseja o bem.

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